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Canção escrita em 2004, para canto e piano, estreada em 2010 por Adriana Bernardes (soprano) e Antônio Eduardo (piano), no Theatro Guarany, de Santos, em 30/10/2010.
Música Paradiso: O Beijo Colado (Gil Nuno Vaz)
Adriana Bernardes (canto) e Antonio Eduardo (piano).
Theatro Guarany, Santos (30/10/2010)
Cinegrafia: Cícero Paixão.
O filme "Cinema Paradiso" tem uma sequência que já se tornou antológica na história do cinema: o momento em que o diretor assiste a uma sucessão de cenas de beijo, vetadas pelo censor, e montadas em um único rolo pelo antigo projetista da sala exibidora da cidade.
A colagem visual suscitou a idéia de transpor esse procedimento técnico do cinema para a linguagem musical. Desenvolver uma composição a partir de uma colagem de trechos de canções em cujos textos constasse a palavra beijo. E fazê-las deslizar sobre uma espécie de base sonora formada por trechos de lieder românticos, principalmente dos ciclos Amor de Poeta e Amor de Mulher, de Schumann.
O resultado foi a peça Musica Pardiso: o Beijo Colado, escrita em 2004 para canto e piano, e estreada em 2010, pela soprano Adriana Bernardes e o pianista Antonio Eduardo, no Theatro Guarany, em Santos. Para essa apresentação, dois acordes do trecho central da peça foram antecipados no início, para sublinhar a exibição das cenas de beijo do filme "Cinema Paradiso". Ao longo da apresentação, imagens das partituras com trechos citados foram projetadas e, no final, fotografias dos autores dessas composições.
A composição começa com a introdução da Lenda do Beijo (música de Soutulo e Vert), pontuada por acordes estranhos à harmonia da composição original. No momento em que inicia o canto, quatro canções são citadas: a melodia continua sendo a Lenda do Beijo, mas cantada com o texto inicial do bolero Besame Mucho, de Consuelo Velasquez, e finalizada com pequeno trecho da letra da canção Ciao Ciao Bambino (un baccio ancor), de Domenico Modugno. Todo o acompanhamento desse trecho é a parte de piano do início do bolero Eu Sem Você, do compositor e pianista Geza Foldvary . Após a repetição do trecho, o piano introduz uma passagem de um lied de Schumann, sobre o qual deslizam dois brevíssimos trechos melódicos: o primeiro, da canção Lua Branca (um doce beijo), de Chiquinha Gonzaga, e Beijinho Doce, de Nhô Pai.
A seguir, o piano engata um outro lied de Schumann. Sobre essa moldura romântica, as seguintes canções são citadas: Beija-me (Marino Pinto), "Um beijo ardente" (tradução em português da letra original de Reoyo), da Lenda do Beijo, Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso (pediu-me um beijo não dei, só um beijo neguei). O texto original diz pediu-um um beijo não dei, um abraço neguei. Seguem os trechos "um beijo apaixonado" (de Última Estrofe, de Cândido das Neves, o ìndio), e de Último Desejo, de Noel Rosa, nunca mais quero teu beijo. além de never, never de Kiss me Kate (Cole Porter).
São introduzidos então momentos de Thomas Morley (come kiss me then come kiss me), Billy Towne, Manos Hadjidakis, em Never On Sunday (oh you can kiss me on a Monday) e Come Sinfonia (Pino Donaggio), voltando ao final da primeira seção a Lenda do Beijo sobre a coda do piano da canção Im Rheine, de um ciclo de canções de Schumann.
Na segunda seção, vem Cuban Love Song, April Love, Lábios Que Beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo), Apenas Tu (Roberto Martins, Rosa (Pixinguinha), com o trecho "meus desejos em nuvens de beijos", Meglio Stasera (It had better be tonight), de Henry Mancini e Johnny Mercer, do primeiro filme A Pantera Cor de Rosa (if you´re ever gonna kiss me), El Choclo (besos mentidos), The Ruby and the Pearl, come close and cling to my kiss, Historia de un Amor, Tenderly (the shore was kissed), e mais kiss bliss (de Leigh Hunt), autor do texto da canção Romanzo di Central Park, de Charles Ives, um texto próprio sobre a introdução de um lied de Beethoven e, finalmente, Alma de Saudade (poema de Clotilde Paul).
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